Biografia de Boss AC

Boss AC é um rapper e cantor de hip hop português filho de pais cabo-verdianos. É considerado um dos pioneiros do hip hop português, até mesmo considerado o pai do Hip-Hop Tuga.


Biografia

Nascido Amilcar Cabral, Amilcar de parte da mãe, Cabral de parte do padeiro, Boss AC é filho da cantora e actriz cabo-verdiana Ana Firmino e do pintor cabo-verdiano António N. Firmino (Toi Firmino).

Carreira musical

Rapública
 
Boss AC iniciou a sua carreira musical no final dos anos 80. Chegou a ser vocalista dos Cool Hipnoise, depois Boss AC foi um grupo composto por AC e Q-Pid. Fez também várias participações especiais em discos dos Da Weasel, General D e Fernando Cunha, dos Delfins, o que lhe deu algum impulso no mundo da música.
Por essa altura ganharam alguma projecção rappers oriundos maioritariamente da cintura periférica da Grande Lisboa. Esse movimento veio a traduzir-se na compilação “Rapública” (Sony, 1994) na qual Boss AC foi responsável pela produção, autoria e composição dos temas “Generate Power” e “A Verdade”. Sendo os primeiros temas próprios lançados em disco, Rapública marcou o arranque definitivo da carreira do artista.
Em 1996, foi o autor do hino de campanha de Cavaco Silva.

Manda Chuva

No final de 1997 Boss AC partiu para os EUA, onde gravou as faixas que deram forma ao álbum Manda Chuva, com a mistura de Troy Hightower, um dos mais requisitados misturadores de hip-hop dos EUA. Boss AC entrou em contacto com ele através dos Mind Da Gap, cujo tema “Sem Cerimónias” foi misturado pelo Troy.
Depois de feita a pré-produção e a gravação do disco em Nova Iorque, Boss AC regressou a Portugal, onde registou as vozes que participaram em Manda Chuva. O artista convidou nomes como Sam e Melo D, ou os DJ’s Soon e Dee Nasty. Construído como um filme, “Mandachuva” apresenta um cuidado especial na interligação dos temas que dão forma ao registo, através do recurso frequente a intros e a diversos outros skits.
“Mandachuva” chegou às lojas em 1998, marcando a estreia do cantor. O álbum, reflectindo intenções já antigas de Boss AC experimenta novas abordagens musicais – ragga, soul, R&B – sempre em torno do hip-hop. É também perceptível a influência das suas origens africanas, com temas como “Corda” e “Tunga, Tunguinha” cantados em crioulo, e “Velhos Tempos”, que fala da sua infância em Lisboa. Nesse álbum, teve a colaboração vocal de Q-Pid.
Seguidamente, juntou-se a Gutto, o líder dos Black Company (também chamado de Bantú nessa altura), uma das bandas que gravaram no Rapública, autores do que provavelmente foi o primeiro grande sucesso do rap português, o tema “Nadar”. Boss AC e Gutto formaram a No Stress, actualmente uma das maiores produtoras de hip-hop em Portugal.
Boss AC participou em trabalhos dos Xutos & Pontapés e dos Santos & Pecadores, compôs para cinema (“Zona J“, “Lena”) e televisão (“Masterplan”, “Último Beijo”).

Rimar Contra a Maré

Em Dezembro de 2002, Boss AC compilou os temas que foi criando durante esses anos no seu segundo álbum de originais, “Rimar Contra a Maré”, inteiramente gravado, produzido e misturado pelo próprio autor, à excepção de dois temas que foram misturados por Troy Hightower. “Rimar contra a maré” foi considerado um álbum extremamente autobiográfico e um pouco negro, exteriorizando o seu desencanto com o mundo.
O tema “Baza, Baza (Hoje não quero saber)” foi um dos grandes sucessos do álbum, que catapultou o músico para a ribalta do hip-hop português, devido à popularidade que atingiu. O tema “Lena” já tinha entrado na banda sonora do filme espanhol com o mesmo nome, de 2001. A faixa bónus “É Mintira” é uma música em crioulo que contou com a voz convidada de TC. Gutto mais uma vez participou, nas faixas “Quieres Dinero” e “Lena”. O CD foi masterizado por Jorge Cervantes para Andinos no estúdio Cervantes, Paço d’Arcos.
Em Fevereiro de 2005 o videoclipe do single “Quieres Dinero“, produzido com Gutto, foi nomeado para os African Music Video Awards, na categoria “Melhores Efeitos Especiais”, do canal sul-africano “Channel O”.
Ritmo, Amor e Palavras
No mesmo ano, em Março, Boss AC lança “Ritmo, Amor, Palavras”, cujas misturas ficaram a cargo do seu colaborador de longa data, Troy Hightower – que já misturou para De La Soul, Busta Rhymes, LL Cool J, Outkast e Janet Jackson, entre outros – nos estúdios Hightower Productions, em Nova Iorque. A masterização foi assinada por Jim Brick, nos estúdios Absolute Audio, em Nova Iorque, onde já foram masterizados trabalhos de Mariah Carey, Puff Daddy e Mos Def.
O CD tem a participação de vários artistas, nomeadamente Carla Moreira (“Boa Vibe“), Pos, dos De La Soul (“Yo (Não Brinques Com Esta Merda)“), Rita Reis (“És Mais Que Uma Mulher“), Sam The Kid (“Faz O Favor De Entrar (Tuga Night)“), Berg (“Princesa (Beija-me Outra Vez)“), Da Weasel (“Só Vês O Que Queres Ver“), DJ Konnecta (“Quem Sente, Sente“), Débora e Gutto (“Sentir Tão Bem“) e Konscious (na faixa bónus “Original Riddim“).
“Ritmo, Amor e Palavras” chegou ao estatuto de disco de ouro em Agosto de 2005, por mais de dez mil cópias vendidas. Em Outubro atingiu a marca de disco de platina, tendo vendido mais de 30.000 unidades até perto do final do ano. Dentro do género do hip-hop chegou a ser um dos três discos mais vendidos de sempre em Portugal. O single de estreia, “Hip-Hop (Sou eu e és tu)”, ascendeu rapidamente aos primeiros lugares nos tops, liderando as preferências em media como a MTV Portugal, Cidade FM, e Antena 3, entre outros. Integrou, ainda, a banda sonora de vários programas de televisão com grande audiência nacional e entrou em múltiplas colectâneas editadas durante 2005. Em Setembro de 2005 foi nomeado para os prémios da MTV Europe Music Awards, na categoria de Best Portuguese Act.
Boss AC empenhou-se numa digressão extensa, com concertos em Portugal e também em Moçambique. Em Outubro, o rapper português assegurou a primeira parte da estreia de 50 Cent em Portugal, no Pavilhão Atlântico, em Lisboa.
 
AC Para os Amigos

AC Para os Amigos é o nome do mais recente álbum de Boss Ac editado em 6 de Fevereiro e marca a estreia do músico pela Universal Music. “Sexta-feira (Emprego Bom Já)”, é o primeiro single do álbum.
Prémios e reconhecimento
Em 2006, o cantor foi candidato pela segunda vez consecutiva aos prémios da MTV Europe, na categoria de Best Portuguese Act, proeza nunca alcançada por outro músico em Portugal.
Tem participado em vários festivais de música cabo-verdianos, entre os quais o afamado Festival da Baía das Gatas, em São Vicente, o primeiro do género em Cabo Verde e quiçá o mais conceituado.
Em 2007, Akon convidou Boss AC para um remake do êxito “I Wanna Love You”, incluindo videoclipe. Esse tema acabou por ser ouvido nos E.U.A, ficando em posições notáveis nas tabelas.
Em Janeiro de 2008, AC lançou o 1º tema do seu novo álbum, “Preto no Branco”. O tema denomina-se “Levanta-te (Stand Up)”, tendo o respectivo videoclipe sido lançado em 21 de julho na MTV. O álbum conta ainda com a participação de Mariza no tema “Alguém Me Ouviu (Mantém-te Firme)”. O single, a música antes referida, “Levanta-te (Stand Up)” e ainda “Acabou (Até Te Esquecer)” fazem parte da banda sonora da série ‘Morangos com Açúcar’. Boss Ac já anunciou que em Fevereiro irá lançar o seu novo álbum intitulado “Ac para os amigos”, tendo já revelado uma das musicas do album chamada “Sexta Feira (emprego bom já)”

Discografia


Colaborações/Participações
  • Colectânea “Rapública” (1994) – temas “A Verdade” e “Generate Power”
  • CD “Pé Na Tchôn, Karapinha Na Céu” (1995) de General D – participa nos temas “Atake dos Carapinhas” e “Jam Session”
  • CD “Dou-lhe Com A Alma” (1995) dos Da Weasel – participa no tema “Dou-lhe Com A Alma”
  • Colectânea “Espanta Espíritos” (1995) – participa no tema “Apenas Um Irmão”
  • CD “Tá-se Bem” (1996) dos Kussondulola – participa no tema “Terezinha”
  • CD “Funky, Trunky, Punky” (1996) de Gimba – participa no tema “Executivo Improdutivo”
  • CD “Filhos da Rua” (1997) dos Black Company – participa no tema “Genuíno”
  • Mixtape “Ghetto Talk Part.2” (1997) de DJ Bomberjack – participa num tema
  • Colectânea “Todos Diferentes, Todos Iguais” (1997) – tema “Ménage à Trois”
  • Mixtape “Reencontro do Vinil Vol.1” (1998) de DJ Bomberjack – um tema
  • CD “Invisível” (1998) de Fernando Cunha – participa no tema “Só Há Tempo Agora”
  • CD “Zona J – Banda Sonora” (1998) – temas “Anda Cá Ao Papá” e “Andam Aí”
  • CD “Voar” (1999) dos Santos & Pecadores – participa no tema “Saber De Ti”
  • CD “XX Anos, XX Bandas” (1999) dos Xutos & Pontapés – versão de “Não Sou o Único”
  • Colectânea “Tejo Beat” (1998) – tema “It’s All Right”
  • Mixtape “Volta a dar Cartas em 99” (1999) de DJ Bomberjack – um tema
  • CD “Operação Alfa” (2000) dos SSP – participa no tema “Every Woman”
  • CD “Lena – Banda Sonora” (2001) – tema “Lena”
  • Mixtape “Freestyle Connexion” (Novembro/2002) de DJ Bomberjack & DJ Lusitano – um tema (freestyle)
  • CD “Private Show” (Outubro/2002) de Gutto aka Bantú – participa nos temas “Hey (A Noite É Aqui)” e “Eu Imaginei”
  • CD “Longa Caminhada” (2002) dos Mess – participa no tema “Cum n’ Get It”
  • CD “Último Beijo – Banda Sonora” (2002) – temas “Bué de Rimas” e “A Carta Que Nunca Te Escrevi”
  • Colectânea “Nação Hip Hop – 10 Anos de rap em português” (Maio/2003) – tema “Velhos Tempos”
  • Colectânea “Hip Hop Nation #1” (Junho/2003) – tema “Mantém-te Firme”
  • Colectânea “Nação Hip-Hop 2005” (Janeiro/2005) – tema “Baza, Baza”
  • Colectânea “Hip Hop Nation #17” (Fevereiro/2005) – tema “Quem Sente, Sente”
  • Colectânea “Nação Hip-Hop 2006” (Março/2006) – tema “Hip Hop (Sou Eu e És Tu)”
Produções
  • Colectânea “Rapública” (1994) – temas “A Verdade” e “Generate Power”
  • Colectânea “TPC” (2000) – tema “Lado a Lado (HipHop)”

O Show de Wushu obteve grande sucesso em Angola

O Show de Wushu obteve grande sucesso em Angola

No dia 10 de Agosto, a Delegação da Associação de Artes Marciais da China apresentou um Show de Artes Marciais ( Wushu ) no Pavilhão Principal da Cidadela Desportiva, em Luanda.
As autoridades e personalidades angolanas de diverso setores sociais, o Corpo Diplomático acreditado em Angola e os representantes da comunidade chinesa compareceram no espetáculo.
Sr. Wang Wei, Encarregado de Negócios a.i. da Embaixada da China, Sr. Gao Xiaojun, Presidente da Associação de Artes Marciais da China, Sra. Exalgina Gambôa, Secretária de Estado da Cooperação de Angola, e Sr. Albino Conceição José, Vice-Ministro dos Desportos, proferiram discursos calorosos.
Sr. Wang Wei avaliou altamente as relações amistosas da cooperação bilateral sino-angolana, enfatizando que intercâmbios cultural e desportivo são pontes que ligam os dois povos com função de aumentar conhecimento mútuo e aprofundar amizade, esperando que surgir mais amigos angolanos amadores e praticantes de Wushu, assim sendo os “Embaixadores da Amizade”dos povos chinês e angolano de geração em geração.
Sr. Gao Xiaojun além de agradecer a hospitalidade e sentimento amistoso do povo angolano para com o povo chinês, apontou que Wushu originou-se da China, mas pertence ao Mundo. Espera que através do Wushu, o povo angolano conheça melhor a cultura chinesa.
         
Sra. Exalgina Gambôa lembrou de que a importância que atribui a paz e desenvolvimento fez da China o maior parceiro de desenvolvimento de Angola, assim como Angola é também o primeiro parceiro da China em África, e que a realização deste espetáculo é sem dúvida um momento de partilha entre os dois povos e uma oportunidade para promoção do intercâmbio cultural e desportivo entre as duas nações que têm relações de amizade e solidariedade desde longa data, augurando que a presença da delegação chinesa de artes marciais seja aproveitada para se lançar as bases de um intercâmbio regular de experiências e a realização de eventos em ambos os países.
Sr. Albino Conceição José esperou, através da realização deste Show, promover intercâmbios desportivos sino-angolano, e também o desenvolvimento da causa desportiva massiva em Angola.
          
O Show iniciou com a entrada dos atletas dos dois países de mãos dadas.
A Federação Angolana de Ju-Jitsu, a Federação Angolana de Taekwon-do e o Clube Angolano de Kung-fu apresentaram demonstrações respectivamente.
         
Os atletas chineses aprsentaram as variadas técnicas de Wushu, tais como espada, lança, pau, vara, leque, boxe, chicote, martelo, luta livre, etc.
         
A convite da Comissão Nacional de Angola para a EXPO2010 Shanghai, a Delegação da Associação de Artes Marciais da China chefiada por Sr. Gao Xiaojun efectuou uma visita a Angola de 9 a 11 de Agosto de 2010. O chefe da delegação teve encontros com Sr. Albino Conceição José, Vice-Ministro dos Desportos de Angola, e Sr. Gustavo da Conceição, Presidente do Comité Olímpico Angolano, nos quais as duas partes abordaram a intensificação de intercâmbio e cooperação desportiva entre os dois países, a divulgação de Wushu em Angola e os demais assuntos de interesse comum.

O poder do jiu-jitsu

Várias são as pessoas que criaram uma imagem negativa das artes marciais, dizendo que elas servem acima de tudo para a auto-defesa. A nossa equipa foi até ao Complexo Emirais, no Nova Vida, em Luanda, conhecer uma das “artérias” da Roger Gracie Academy, comandada em Angola por Hélio Pereira, um jovem angolano apaixonado pelo poder nas artes marciais e entender também quais são os propósitos do jiu-jitsu.
Durante duas horas acompanhámos os quase 30 alunos que lá treinam e entendemos melhor a filosofia do jiu-jitsu brasileiro, que é praticado neste ginásio e também em outros.


MENTE E CORPO
Foi um sensei de óculos graduados, quimono vestido e muita simpatia que nos recebeu a chegada no Complexo Emirais. O cenário não podia ser melhor, vários alunos preparavam-se para a aula, vestindo os seus quimonos brancos ou azuis para dali a quinze minutos, mostrarem a sua genica no tatame.
Hélio Pereira também já estava equipado, usando um quimono branco e a sua faixa preta. O sensei afirmou que sempre gostou de jiu-jitsu e que tenta buscar nesta arte a sua parte invisível, a parte espiritual.
“A filosofia do jiu-jitsu é a mesma que de qualquer arte marcial. Todas elas foram desenvolvidas a partir de técnicas de terapia, transformação do ser humano, ensinando-os a aniquilar o ego por completo e chegar ao ponto de observar as coisas simples da vida, de uma maneira mais profunda”, explicou-nos o sensei.


ARTE MILENAR
As artes marciais são um método alquímico e uma das suas grandes filosofias é ajudar o ser humano a ser o mais natural possível.
O jiu-jitsu, também conhecido pelas grafias jujutsu ou jiu-jitsu (em japonês jū significa “suavidade”, “brandura”, e jutsu signfica “arte”, “técnica”) era uma arte marcial japonesa que utilizava alavancas e pressões para derrubar, dominar e submeter o oponente, tradicionalmente sem usar golpes traumáticos, que não eram muito eficazes no contexto em que a luta foi desenvolvida, porque os samurais (bushi) usavam armaduras.
Basicamente, no jiu-jitsu usa-se a força (própria e, quando possível, do próprio adversário) em alavancas, o que possibilita que um lutador, mesmo sendo menor que o oponente, consiga vencer. No chão, com as técnicas de estrangulamento e pressão sobre articulações, é possível submeter o adversário fazendo-o desistir da luta (competitivamente), ou (em luta real) fazendo-o desmaiar ou quebrando-lhe uma articulação.
Segundo Hélio Pereira, existe uma diferença entre o “jujutsu” japonês e o “jiu-jitsu” brasileiro: “Os japoneses aplicaram as técnicas usando a força e os brasileiros aperfeiçoaram a técnica, e é este o jiu-jitsu que nós ensinamos aqui, pois somos “descendentes” da família Gracie. Eles foram uns dos maiores percursores desta arte no mundo, e até hoje formam muitos campeões”.


AS FAIXAS
Ao contrário das outras artes, no jiu-jitsu os atletas não fazem uso de katas (executar técnicas ou coreografias no vazio, avaliadas pela perfeição dos movimentos). Existem várias faixas ou cinturões no jiu-jitsu: para os alunos com menos de 16 anos, existem as faixas branca, amarela, laranja e verde. Já para os maiores de 16 anos existem as faixas branca (permanência mínima de um ano), azul (varia com o desempenho do atleta, normalmente 1 ano e meio, a 2 anos), roxa (varia com o desempenho do atleta, normalmente 2 anos), castanha (ou marrom como é chamada, normalmente 1 ano e meio), preta, coral (vermelho e preto – mestre) e vermelha (Grande Mestre).
Dos 30 alunos academia do Nova Vida, 5 são faixa azul, 2 roxa, 1 marrom, e os restantes têm faixa branca, e treinam para avançar. O critério para mudança de faixa é baseado na freqüência e na técnica do atleta. “Se um aluno treinar 3 vezes por semana, levará mais ou menos 6 meses a 1 ano, para mudar de faixa”, disse-
-nos o sensei.


NÃO TENTAR EM CASA
Hélio dá aulas há dois anos em Angola. Tenta trasmitir o jiu-jitsu de uma maneira saudável, para que as pessoas não usem a arte apenas para “lutar na rua”. “A técnica apurada do jiu-jitsu não exige força, como já disse. Esta arte permite ao mais fraco vencer o mais forte. É a união da perfeição e técnica externa, com o aperfeiçoamento do elemento interno”, realçou.
O sensei compara o mau uso do jiu-jitsu às descobertas de Einsten: “ele descobriu a energia atómica que, mais tarde, culminaria na terrível bomba nuclear… mas, será ele o culpado? Claro que não. Culpado foram os que não souberam direccionar tal descoberta apenas para boas coisas. O jiu-jitsu pode construir mas também destruir. Isso só depende do ensinamento que as pessoas recebem e também da mentalidade de cada um”.
O jovem contou-nos  que, certa vez, fez um estrangulamento a um jovem, para defender-se, e a pessoa ficou inconsciente por alguns minutos. “ É algo de que não me orgulho, apesar de ter usado como auto-defesa, que é uma das funções do jiu-jitsu. Evitamos ao máximo, mas às vezes é necessário defendermo-nos. O estrangulamento é uma técnica complexa do jiu-jitsu que não deve ser feita sem conhecimentos. Digo sempre aos meus alunos para não andarem por aí a experimentar certas coisas em pessoas normais, que pouco ou nada entendem da nossa arte. E como aqui nós trabalhamos o corpo e a mente, não só formamos lutadores, mas sim atletas conscientes do seu papel na sociedade”, frisou.


EM MARÇO, O CAMPEONATO
A Roger Gracie Academy Jiu-jitsu Angola está presente em três academias de Luanda: no Fitness, no Team Elite e no Complexo Emirais. Quando questionado dos patrocínios o jovem afirmou: “As artes marciais estão a crescer de maneira saudável em Angola. Neste momento tenho conhecimento de quatro escolas de Jiu-jitsu no país que apesar de algumas divergências, devem todas ser felicitadas pelo trabalho que têm feito, pois têm contribuído para a valorização das artes marciais em Angola. Alguns atletas foram ao campeonato que aconteceu na África do Sul e trouxeram prémios para a nação. É preciso investir e patrocinar tais talentos”.
No ano passado, a Roger Gracie Academy e a Academia Gracie Barra levaram 10 atletas ao mundial de jiu-jitsu, nos Estados Unidos. “Infelizmente não trouxemos títulos mas este ano, em Junho, tencionamos voltar a participar com força total”, frisou Hélio.
Os atletas estão a preparar-
se também para o campeonato nacional que acontecerá em Março, a partir do dia 15, em Luanda. As quatro escolas da capital irão participar no evento. Será uma grande oportunidade para ver esta arte marcial ser praticada 
com profissionalismo, 
sempre dentro dos princípios do jiu–jitsu.

O PROFISSIONAL E O AMADOR
Jandir Bezerra (à esquerda) é natural do Recife, estado de Pernambuco, Brasil. Sempre foi apaixonado pelo jiu-jitsu e como já treinava no Brasil, quando chegou a Angola fez questão de procurar um sitio para continuar a praticar. É faixa castanha numa modalidade que já lhe proporcionou episódios engraçados: “uma vez, durante uma luta num campeonato, o outro concorrente aproveitou-se do facto de eu usar aparelho dentário e roçou o quimono dele, todo suado, na minha boca… eu tive que desistir pois não aguentei aquilo (risos)”.
Todos conhecem Caló Pascoal (à direita) como cantor e produtor musical e, para a nossa surpresa, existem facetas desconhecidas deste artista que há anos nos tem habituado com sucessos musicais. “Comecei a treinar há três semanas e me tenho divertido bastante. Como já treinava kickboxing decidi também aprimorar os meus conhecimentos com o jiu-jitsu. É uma arte muito boa, que nos permite relaxar a mente e manter o corpo saudável. Os treinos têm-me ajudado a conciliar as minhas outras actividades e podem crer que o meu próximo disco terá uma séria influência dos ensinamentos do jiu-jitsu. O Hélio é um bom professor e eu aconselho todos a treinarem”, declarou.


A PRINCESA DO GRUPO
Dos 30 alunos duas são meninas. Tivemos a oportunidade de conversar com Irina Mirandela, uma jovem simpática, de rosto angelical e as unhas pintadas de vermelho, que há quase um ano treina jiu-jítsu. “Comecei pelo karaté, vim aqui parar e gosto muito do que faço. Quanto às lesões, são ossos do ofício. Para alguns movimentos mais bruscos usamos a protecção necessária, caso da placa dentária”, explicou a jovem.


O VIAJANTE DO Jiu-jitsu
Hélio Jorge Paleje Jasse Pereira começou a treinar artes marciais com sete anos. Já praticou karaté, judo, capoeira, aikidó, kick boxing e muai tai e por fim o jiu-jitsu. É actualmente faixa preta na modalidade, “fui graduado pelo campeão mundial de jiu-jitsu, Roger Gracie, ele faz parte da família Gracie, uma das maiores percursoras do jiu-jitsu pelo mundo. Tive a honra de treinar com ele durante 5 anos”, relembra emocionado.
O jovem que faz do jiu-jitsu o seu modo de vida, já ganhou alguns títulos pela modalidade: “Fui vice-campeão europeu, campeão europeu, vice campeão pan americano, entre outros… enfim, tenho várias medalhas em casa (risos)”.
A maior luta de Hélio é provar que o jiu-jitsu não serve apenas para o desenvolvimento físico. “O jiu-jitsu vai além disso. É a arte do toque, onde temos a oportunidade de mostrar às pessoas que só têm a ganhar quando permitem que um corpo são esteja de acordo com a mente, que também tem de ser sã. O jiu-jitsu é um mundo e permite-nos ser muita coisa, permite-nos meditar… só depende de nós, da nossa dedicação por um mundo melhor”, explicou.

Especial "Black Company"

Ai pessoal, hoje vós trago um dos melhores grupos do Hip Hop Lusófono. Um grupo que marcou uma geração e tanto. Falo-vos nada mais nada menos que dos Black company, Bc… Um dos mais Old Skul da cena Luso. É também um dos mais respeitados… Mando aqui os albuns deles, vídeos e uma breve biográfia dos BC...


Respect


*** Biográfia ***

Black Company é um grupo de rap português, criado na década de 1980. É composto pelos rappers Bantú (agora Gutto), Bambino e Makkas e incluía anteriormente os Dj´s KGB e Soon. Foram os criadores daquele que é considerado o primeiro êxito do hip-hop português, o tema Nadar.

Formação

Criado nos finais dos anos 80, actuou muito tempo sem nenhum reconhecimento, fazendo sobretudo rap «de rua», sem nenhum acordo discográfico ou comercial.O grupo, que mais tarde veio a ser conhecido por Black Company, juntou-se em 1988, incluindo na sua formação vários rappers da margem sul de Lisboa, tais como General D. Deram os primeiros concertos em pequenos locais como o Ponto de Encontro, em Almada, ou o Visage, na Caparica, mas o projecto chegou ao fim da linha três anos apos o seu arranque. Guto, Bambino (na altura Maddnigga) e mais seis outros músicos regressaram em 1992 como Machine Gun Poetry, mas o nome foi alterado no ano seguinte, para Black Company. Nessa altura, Guto, Bambino e Tucha, os três ex-Machine Gun Poetry, convidaram KGB e Makkas (a.k.a. Max, the Criminal) para se juntarem a formação, e o grupo deu o seu primeiro concerto em Dezembro de 1993, filmado pelo manager Hernâni Miguel, para o programa de televisão da RTP, “Outras Margens”. O grupo ficou bastante reconhecido na Margem Sul, sobretudo em Miratejo e na costa da caparica.

A colectânea Rapública e o verão de Nadar

Em meados de 1994, o grupo foi convidado para participar na colectânea Rapública, onde também participaram nomes actualmente conhecidos do hip-hop português, como Boss AC, LNM (Líderes da Nova Mensagem) entre outros. O grupo foi responsável pelos temas Pshyca Style e Nadar. Nadar foi bem aceite pela crítica, reflectindo-se nas vendas comerciais. O tema foi também considerado o «Hino» do verão de 1994, trazendo fama e prestígio ao grupo. O apoio incondicional das rádios portuguesas e as constantes aparições em programas de televisão, fizeram a expressão “Não Sabe Nadar”, entrar no quotidiano dos portugueses, tendo a mesma sido inclusivamente adaptada a campanha pela defesa das gravuras rupestres, e na altura pode mesmo ler-se em t-shirts a frase “As gravuras não sabem nadar”. Depois de actuações realizadas um pouco por todo o pais, os Black Company editaram, em 1995, em formato single o tema “Nadar”, com quatro remisturas assinadas por To Ricciardi e André Roquete.

Geração Rasca dos Filhos da rua

Ainda durante esse ano, foi editado mais um single, intitulado “Abreu”. Ambas as faixas foram incluidas no alinhamento do álbum de estreia da banda, “Geração Rasca”, que chegou aos escaparates em Outubro de 1995. A banda regressou três anos depois com o seu sucessor, a que chamou “Filhos da Rua”, que incluiu no alinhamento uma versão para o tema “Chico Fininho”, de Rui Veloso, aqui designada por “Chico Dread”, e e considerado por muitos um dos melhores álbuns Rap portugueses de sempre. Durante os três anos que separaram a edicao dos dois trabalhos de originais, o grupo participou no single “Racismo Não”, editado pela AMI (Assistência Medica Internacional); andou na estrada, tendo dado mais de 60 concertos entre o Verão de 1995 e o de 1996; e em 1997 actuou em Cannes, no festival MIDEM, na noite Atlântica.

Fora de Série – O regresso dos Black Company

Em 2007, os 3 elementos reuniram-se mais uma vez para produzir o seu 3º album de originais ” Fora de Serie “, lançado a 8 de Setembro de 2008. O álbum inclui um numero de 16 Faixas e o seu single de lançamento, o tema “Só Malucos”, um tema de forte crítica social, conta com a participação de Adelaide Ferreira.


Fonte: Wikipedia


*** Discografia ***


Black Company

BC
Filhos da Rua[1998] (Mediafire)

BC
Fora de Serie[2008] (Mediafire)


Entrevista aos BC, falando de cenas antigas e também quais os motivos que os levaram a entrar em estúdio 10 anos depois…


*** VídeoGrafia ***

História do Karate


Mundo

Um contratempo logo surge quando se trata de estudar as origens das artes marciais: não há como precisar o momento em que surgiram. O máximo que se pode fazer são conjecturas a partir do caractere sócio-cultural e traçar uma linha de acontecimentos mais ou menos coerente dentro de certos aspectos, haja vista que alguns aspectos duma arte marcial (v. g., algumas técnicas e/ou personagens) têm uma origem bem conhecida ou documentada, porém, o conjunto não se fecha, se não se incluírem algumas especulações. O que se sabe é que todos os povos que se organizaram em sociedade possuem alguma forma de defesa, isto é, pelo menos possuem uma força armada, pois os ajuntamentos de pessoas eventualmente entravam em choque, por recursos naturais ou outros motivos.
Naturalmente, seguindo uma linha evolutiva mais ou menos uniforme, tal como aconteceu com a agricultura, a pesca, a música e outras atividades, as artes marciais desenvolveram-se como disciplina, surgindo mestres e aprendizes. Isso, por exemplo, pode ser demonstrado pela existência das falanges gregas, modelo que se impôs por certo tempo, até ser superado pelas coortes romanas, e assim anterior e sucessivamente.
Da Grécia vem outro exemplo de desenvolvimento das artes marciais como disciplina. As cidades-estados disputavam a supremacia sobre as demais, pelo que apareceram os períodos ateniense, espartano, tebano etc. Dentro de tais circunstâncias, mormente em Esparta as disciplinas militares tiveram relevo, eis que naquele ambiente foi dado destaque ao desenvolvimento físico, para fazer frente aos embates e os cidadãos espartanos (esparciatas) treinavam de maneira forte tanto a luta armada como a desarmada.
Em se tratando de luta desarmada, no ambiente helênico desenvolveu-se a arte marcial do pancrácio, que teria surgido por volta do século VII AEC ou antes e cujo arcabouço técnico englobaria os mais variados movimentos e golpes, desde socos a estrangulamentos. Como esporte sabe-se ter feito parte dos Jogos Olímpicos naquela época.[3]
Caminhando já na Ásia, onde se acredita ser o berço das artes marciais modernas, sabe-se que o exército de Alexandre, o Grande enfrentou guerreiros de várias origens, como deChina e Índia. É impossível creditar o desenvolvimento das artes marciais asiáticas ao contacto com o gregos, pois logicamente existiam já naquelas paragens suas próprias disciplinas, tanto é que se deu enfrentamento entre exércitos e não de um exército e pessoas desarmadas, mas houve certa troca de conhecimentos, o que era inevitável, após a estabilização das relações. De qualquer forma, havia na Índia uma forma de luta chamada de Vajramushti.[4][5]
De facto (alguns ainda dizem tratar-se mais de especulações, posto não existirem fontes documentais, ou mesmo as que existem tratar-se-iam de relatos de lendas ou estórias), as artes marciais passaram a ter caracteres mais formais quando um monge budista indiano chamado Bodhidharma — o primeiro grande mestre —, por volta do ano 520 EC, no fito de empreender uma longa jornada em busca da iluminação espiritual, viajou desde a Índia até a China. O monge ficava onde lhe dessem abrigo, em templos ou casas, e aproveitava para evangelizar de acordo com sua doutrina.[6]
Sua jornada o teria levado até o Templo Shaolin e, quando Bodhidharma viu as condições físicas precárias em que se encontravam os monges daquele sítio, exortou-os no sentido que a pessoa deveria evoluir por completo, desenvolvendo o lado espiritual pero sem olvidar do físico, pelo que instruiu todos na prática de exercícios.[7]
A prática dos exercícios evoluiu para um sistema de defesa pessoal, até com o uso de armas e outros instrumentos, fazendo surgir uma reputação de que os monges lutadores seriam expertos em diversas modalidades e formas de combate, pelo que se difundiu por toda a China. Os monges de Shaolin não se isolaram apenas na China e levaram seus conhecimentos religiosos, filosóficos e marciais para outros recantos, entre estes o Japão.


Japão

arquipélago de Oquinaua (沖縄 Okinawa?) localiza-se quase que exatamente a meio caminho entre Japão e China, no Mar da China Oriental. Por causa de sua posição geográfica, a região sempre despertou a cupidez dos dois países, os quais não pouparam esforços para estenderem suas influências (culturais e econômicas), tornando a existência de um governo local submetida à conjugação de interesses e política externos. A influência chinesa era considerável, e alguns praticantes de artes marciais oriundos daquele país chegaram a Oquinaua.[7]
Apesar da circunstância de gravitar em torno da influência sino-japonesa, sucedeu na história de Oquinaua, entre 1322 e 1429, um período denominado de Sanza-jidai (三山時代, período dos três montes) quando que se debateram os três reinos de Hokuzan (北山, Monte Setentrional), Chuzan (中山, Monte Central) e Nanzan (南山, Monte Meridional) pelo controle da região. Tal período acabou com a unificação sob a bandeira do reino de Ryukyu e sob o comando de Chuzan, que era o mais forte economicamente, inaugurando a primeiradinastia ShoSho Hashi. Nessa época, influência chinesa consolidou-se como a preponderante das duas e isso refletiu-se na estrutura administrativa do reino e noutros aspectos culturais.[8]
Entrementes, após a unificação e no fito de conter eventuais sentimentos de revolta, el-Rei Sho Hashi promulgou um édito que tornou proibido o porte de quaisquer armas por parte da população civil. Este facto é considerado o marco principal do processo evolutivo que veio a culminar no caratê. Já existia em Oquinaua uma arte marcial própria, porém a medida régia impôs um ritmo diferente, pelo que, devido à necessidade de as pessoas terem uma forma de defesa e em razão da proibição real, aquelas técnicas foram-se aperfeiçoando, precipuamente nas camadas mais pobres da população, que sobreviviam de atividades agrícolas e de pesca, haja vista que as classes de nobres (guerreiros), tal e qual sucedia em China e Japão, tinham suas próprias disciplinas de combate.
Fruto também da proibição do porte de armas foi o desenvolvimento do kobudo, outra arte marcial oquinauense que transformou o uso de objectos do cotidiano em armas, como a tonfae o nunchaku, que eram originalmente instrumentos de trabalho, para manuseio de moínho e debulhagem de arroz.[9]
A sociedade japonesa, possuindo uma classe guerreira, era há muito conhecedora de disciplinas de combates com e sem armas. No seio das famílias e/ou clãs fomentaram-se formas de combate, os chamados koryu, que eram transmitidos somente internamente. Entretanto, o que importa é que houve certa troca de conhecimentos, posto que muito velada, e que essas artes evoluíram para atender exatamente às necessidades do grupos que as usavam.
O que viria a ser o jiu-jitsu surgiu para capacitar o samurai para a luta desarmada mas usando armadura, pelo que não era racional utilizar ostensivamente de pontapés e socos mas mais projeções e estrangulamentos. Por seu turno, o que se desenvolveu em Ryukyu visava justamente o combate desarmado, sem trajo específico, mas eventualmente enfrentando guerreiros com armadura, pelo que socos e pontapés eram mais interessantes, isso aliado ao condicionamento de mãos e pés para serem instrumentos de ataques fulminantes.
A independência do reino de Ryukyu sofreu duro golpe quando, em 1609, o clã samurai de Satsuma, com aprovação do imperador do Japão, subjugou o arquipélago. Por ocasião da invasão, os samurais encontraram pouco ou nenhum revide, porque, dadas as circunstâncias, el-Rei declarou que a vida é o mais importante tesouro e recomendou que a população das ilhas não revidasse à agressão estrangeira. Oquinaua passou a ser um estado tributário de Japão e China, mas, contrário ao cenário anterior, com predomínio nipônico, que expôs a cultura local e influenciou sobremaneira o desenvolvimento das artes marciais, sob os valores da classe guerreira. Naquele momento, o clã Satusma introduziu sua própria disciplina, o jigen-ryu.


Arte das mãos oquinauenses

Em meados do século XVII, a arte marcial oquinauense[c] sem armas já era estabelecida, sendo conhecida por te ( ティー?, mão) — ou ti, em oquinauense —.[10] Também é referida como Okinawa-te (沖縄手, mão de Oquinaua) — ou Uchinaadi, em oquinauense —, quando surge a figura de Matsu Higa, renomado mestre de te e kobudo e também experto em chuan fa, que teria aprendido com mestres chineses.[11] Mas já nesse tempo, a arte marcial já vinha evoluindo em três formas distintas, radicadas nas três cidades que as nomearam, Naha-teTomari-te e Shuri-te.
Acredita-se que Sensei Higa tenha sido, dentro de seu estilo próprio, o primeiro a estabelecer um conjunto formal de técnicas e chamá-lo de te.[11]
Destacaram-se mais os estilos de Shuri, por ser a capital, e de Naha, por ser cidade portuária e mais importante entreposto comercial. Entretanto, posto que tivesse menor relevo no cenário da época, por ser mormente uma cidade de trabalhadores, pescadores e campesinos, Tomari, devido a exatamente suas características, desenvolveu o estilo peculiar e muitas vezes erradamente confundido com o estilo de Shuri. Ademais, em que pese cada um das cidades ter seu estilo, elas compartilhavam informações e praticantes.[12]
Na linhagem do estilo shuri-te, caracterizado pelas posturas corporais naturais e por movimentos lineares de deslocamento e de golpes, seguiram-se a Sensei Higa, mais ou menos numa linha de instrutor e aprendiz, os mestres Peichin TakaharaKanga Sakukawa e Sokon Matsumura.[13]
Com mestre Takahara[d], já por influência japonesa, o te vem a receber os três princípios que culminariam com a transformação da técnica numa disciplina muito maior já na transição do século XIX para o século XX.
Ainda no século XVII, o te sofria fortes influências desde a China. Mestre Sakukawa, por sugestão de Peichin Takahara, foi aprender com o chinês Kushanku — mestre de chuan fa — e, depois, diretamente no continente. Tais características não passaram despercebidas e calharam em que a arte marcial passou a se chamar Tode ou Todi (唐手 ou トゥデ, mão chinesa)[e], ou ainda Toshukuken (徒手空拳) e Toshu-jitsu (徒手術).[14]
Enquanto isso, em Tomari, seu estilo adquiria uma característica mais acrobática. Os principais expoentes da região foram os mestres Karyu Uku e Kishin Teryua, que deixariam por legado a Kosaku Matsumora[15] e, em Naha, o te evoluia numa direção diversa, com movimento de extrema contração, golpes de curto alcance e condicionamento do corpo para absorção de golpes,[16] tudo conjugado a técnicas de respiração: ibuki.[17][18]
Sob o ministério de Sokon Matsumura, o tode passou a ter um treinamento mais formalizado com a compilação de uma série mais ou menos fechada de katas e, principalmente, rompeu-se a barreira das classes socias. Com Matsumura, que fazia parte da elite guerreira e da corte de el-Rei Sho Ko e sucessores, o tode, praticado mormente pelas classes trabalhadoras, passou a ser uma arte militar reconhecida.
Por essa época, ficaram famosos, e quase lendários, os contos sobre as proezas dos artistas marciais de Oquinaua, como a do mestre de Tomari-teKosaku Matsumora, que desarmado derrotou um samurai. Assim, o te era conhecido também por shimpi tode (神秘 唐手, misteriosa mão chinesa) ou reimyo tode (霊妙 唐手, etérea/miraculosa mão chinesa).[11]


Arte das mãos vazias

Anko Itosu

No fim do século XIX, o caratê ainda era marcado de modo forte por quem o ensinava, não havia, posto que houvesse similitudes entre as técnicas, um padrão, o que dificultava sua maior aceitação fora de círculos restritos, porque era praticado e ensinado num rígido esquema de mestre/aluno.[19]
Nesse meio tempo, sobreveio a final anexação de Ryukyu, em 1875, tornando-se a “Prefeitura e Oquinaua”. Todavia, o que poderia ser o fim tornou-se uma oportunidade, pois terminou com o isolamento da população do arquipélago, incorporados de vez à população nipônica. E coube a Anko Itosu, um discípulo de Matsumura e secretário do rei de Oquinaua, usar de sua influência para tentar disseminar a arte marcial.
O mestre via o te não somente como arte marcial mas, principalmente, como uma forma de desenvolver caráter, disciplina e físico das crianças. Ainda assim, o mestre julgava que os métodos utilizados até a época não eram práticos: o te era ensinado basicamente por intermédio do treino repetitivo dos kata. Então, Itosu simplificou o treino a unidades fundamentais, os kihons, que são as técnicas compreendidas em si mesmas, um soco, uma esquiva, uma base, e, além, compilou a série de katas Pinan com técnicas mais simples e que passariam a formar o currículo introdutório. A mudança resultou na diminuição, supressão em alguns casos, de táticas de luta, mas reforçou o caráter esportivo, para benefício da saúde: deu-se relevo a postura, mobilidade, flexibilidade, tensão,respiração e relaxamento.
Atribui-se ao mestre Itosu a mudança de denominação para karate (空手, mãos vazias), como forma de vencer as barreiras culturais, as resistências para aceitação, pois como algo com origem chinesa não era visto com bons olhos, ademais porque havia tensões latentes entres os dois países.
Em 1900, aconteceu uma grande emigração desde Oquinaua até o Havaí, resultando na primeira mostra do caratê a ocidentais, eis que o Havaí tinha sido anexado pelos EE.UU. havia aproximadamente dois anos.
O caratê tornou-se esporte oficial em 1902. Evento dramático no desenvolvimento do carate que é o ponto em que se aperfeiçoa a transição de arte marcial para discilplina física, deixando ser visto apenas como meio de auto-defesa.[19]
Como resultado de seu progresso, Anko Itosu crê ser possível exportar o caratê para o resto do Japão e, em começos do século XX, passa a empreender esforços para tanto, mas não consegue lograr sucesso.
Paralelos a esses eventos, outro influente mestre, Kanryo Higashionna, promovia por si outras mudanças. Ele desenvolvia um estilo peculiar que mesclava técnicas suaves, evasivas e defensivas, e rígidas, e tinha como discípulos Chojun Miyagi e Kenwa Mabuni. A exemplo de Itosu, Higashionna consegiu fomentar os valores neles que levaram até as mudanças futuras que tornariam o caratê mais aceitável.


Caminho das mãos vazias

Kenwa Mabuni

Os esforços de Itosu, a despeito de não gerarem os efeitos almejados, frutificaram nas mãos de seus alunos. Por exemplo, o Mestre Kenwa Mabuni, como forma de tributo, sistematizou todos os ensinamentos aprendidos no estilo Shito-ryu, que pretende fundir os estilos Shuri-te e Naha-te e com isso veio a preservar muitas variações de kata; o Mestre Choshin Chibana, por seu turno, compilou seu conhecimento no estilo Kobayashi-ryu, pretendendo preservar as exatas formas por ele aprendidas de Matsumura e Itosu[20].
Entretanto, coube a Gichin Funakoshi completar o objetivo do mestre Itosu. Funakoshi, sem olvidar que foi ladeado pelos colegas como os mestres Mabuni,Miyagi e outros, logrou êxito em difundir o caratê pelo arquipélago japonês. As técnicas do estilo iniciado por Funakoshi baseiam-se no caratê de Itosu, mas dando mais ênfase ao aspecto formativo da personalidade, característica que ficou impressa nas demais linhagens surgidas naquele momento.
A divulgação não aconteceu sem resistência. A despeito de vários pedidos para a não exibição de vários mestres que não viam com bons olhos o movimento, Funakoshi levou o carate até o sistema público de ensino, com a ajuda de seu mestre Anko Itosu e, em pouco tempo, a arte marcial já fazia parte do currículoescolar como disciplina física/esportiva, dando um impulso extraordinária, com o caratê sendo praticado em vários sítios e sendo bastante apreciado e valorizado localmente.
Entre 1902 e 1915, Sensei Funakoshi viajou com seus melhores alunos por toda Oquinaua realizando demonstrações públicas de caratê e calhou de o inspetor de Educação da “nova” prefeitura, Shintaro Ogawa, estava particularmente interessado no processo seletivo para ingresso nas forças armadas, preocupado em obter um bom grupo, composto por jovens de boa índoles (valores) e boa compleição. Ogawa ficou impressionado, que escreveu ao continente dando as novas.[19]
Sucedeu de o Almirante Rokuro Yashiro assistir a uma daquelas demonstrações, explicadas por Funakoshi, enquanto seus alunos executavam kata, quebravam telhas e faziam outras proezas, que expunham a eficácia do condicionamento físico. O almirante ficou muito impressionado e ordenou que seus homens que iniciassem o treinamento de imediato. Sucedeu também de, em 1912, o comando Almirante Dewa escolher doze de seus homens para treinarem caratê por uma semana, enquanto estivessem ancorados nas imediações. As novas levadas por esses dois oficiais levaram o caratê a ser mais comentado no Japão.[19]
E no desenrolar dos acontecimentos, calhou de, em 1921, o então príncipe herdeiro e futuro imperador Hirohito assistir a uma dessas demonstrações, pelo que ficou admirado e pediu a feitura de um evento nacional em Tóquio, reazlizado em 1922. O evento foi muito bem sucedido e ocasionou de o mestre Funakoshi ser coberto de convites para apresentar sua arte e um desses convites foi feito por Jigoro Kano, para ser feito no instituto Kodokan.
Durante o evento, que levantou a plateia, mestre Funakoshi foi convencido a permanecer no Japão e, com a ajuda de Jigoro Kano, de que se tornou amigo íntimo, o caratê foi difundido.
O mestre sabia que haveria de surgir enorme oposição, haja vista que naquele período da história das relações entre Japão e China não era dos melhores. Ainda era muito recente a lembrança da Primeira Guerra Sino-Japonesa (18941895). E até o fim da Segunda Guerra Mundial e da Segunda Guerra Sino-Japonesa, com a rendição do Japão perante os Aliados, ocorreram vários incidentes belicosos.[21]
Tais circunstâncias levavam à conclusão de que uma arte marcial de origem chinesa seria certamente repudiada, pelo que a mudança da arte para o karate-dō (空手道, caminho das mãos vazias), isto é, com o acréscimo do sufixo “dō”, como se deu com muitas das artes marciais praticadas no Japão. A partícula do significa caminho, palavra que é análoga ao familiar conceito de tao.[22] Daí que o caratê deixou de ser encarado apenas em seu aspecto técnico, ou jitsu, para serem realçados o filosófico e o físico (educacional).

Mestres de caratê na década de 1930

A proposição de Mestre Itosu, pela escrita do nome da arte marcial como kara-te-dō foi objecto de debate em 1933, e o mestres na época acordaram que seria a melhor escolha, o que reflectira a unidade do caratë e sua originalidade, posto que houvesse sofrido diversas influências alienígenas.
Do modo como se desenvolveu, um elemento da cultura japonesa, o caratê está imbuído de certos elementos do Zen-budismo, sendo que sua prática algumas vezes é chamada de “zen em movimento”. As aulas frequentemente começam e terminam com curtos períodos de meditação. Também a repetição de movimentos, como a executada no kata, é consistente com a meditação zen pretendendo maximizar o autocontrole, a atenção, a força e velocidade, mesmo em condições adversas. A influência do zen nesta arte marcial depende muito da interpretação de cada instrutor.
Devido aos esforços de Funakoshi o caratê passou a ser ensinado nas universidades de Shoka, Takushoku, Waseda e Faculdade de Medicina.

Jigoro Kano

A modernização e sistematização do caratê no Japão também incluiu a adoção do uniforme branco (quimono ou karategi) e de faixas coloridas indicadoras do estágio alcançado pelo aluno, ambos criados e popularizados por Jigoro Kano, fundador do judô.
As contribuições de Jigoro Kano não se limitam ao uniforme de treinamento e à padronização das graduações, mas vão até a técnicas, que foram compiladas dentro do estilo Shotokan. O conceito de do, posto que presente há muito, foi de certa forma reinterpretado segundo suas ideias.
Depois que Funakoshi demonstrou o caratê, outros mestres de Oquinaua seguiram pela mesma trilha e se foram, no fito de conseguir novos alunos e divulgar ainda mais. Um deaqueles mestres era Kenwa Mabuni, que se fixou em Osaca e, no ano de 1931, criou a Dai-Nihon Karate-do Kai, para dar apoio a seu estilo, que foi registrado, primeiro como Hanko-ryu, e, depois, Shito-ryu.
Entrementes, durante a década de 1930, que a a Associação Japonesa de Artes Marciais, Butoku-kai, reconheceu oficialmente o caratê como arte marcial nipônica e requereu que todas as escolas fizessem registro na entidade, fornecendo os nomes dos estilos. [23]
Em maio de 1949, alguns discípulos de Funakoshi criaram uma associação cujo escopo principal seria a promoção do caratê. O nome dado foi Nihon Karate Kyokai, ou Associação Japonesa de Caratê (Japan Karate Association – JKA), e o primeiro presidente foi Saigo Kichinosuke, membro da Câmara Alta do Japão, neto de Saigo Takamori, um dos maiores heróis do Japão Meiji.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o caratê tornou-se popular na Coreia do Sul sob os nomes tangsudo ou kongsudo quando a pratica do taekwondo foi proibida pelos japoneses após sua invasão.
Após a Segunda Guerra Mundial, o mestre Funakoshi com seus alunos conseguiram que o Ministério da Educação classificasse o caratê como educação física e não como arte marcial, tornando possível seu ensin, durante a ocupação do Japão. Depois dos EE.UU. o caratê foi difundido pela Europa e o mundo.[24]


Atualidades

Posto que mestre Funakoshi pregasse que o caratê era uma arte marcial única, que as variações nas formas, nos estilos, deviam-se precipuamente às idiossincrasias e que jamais denominou sua linhagem de estilo, ainda durante sua existência e persistindo até os dias atuais, o que sucedeu foi uma proliferação de estilos, escolas e linhagens diferentes.
A grande variedade de estilos e escolas, se por um lado facilita essa disseminação, por outro, causou enormes dissenções e cisões entre entidades e representantes. Muitas vezes, o que motivou a cisão foram disputas políticas e/ou ideológicas.
Depois de criada por discípulos de Funakoshi, a quem aclamaram como líder, em 10 de abril de 1957, a JKA ganhou a condição de entidade oficial, mas, cerca de duas semanas depois, o grande mestre faleceu com a idade de 89.


Olimpíadas

Em 19 de junho de 1999, depois de muitos anos e muitos episódios marcados pela discórdia, na 109ª Sessão do Comitê Olímpico Internacional – COI, confirmou-se o reconhecimento da Federação Mundial de Caratê (World Karate Federation – WKF, em inglês) como o ente governativo do caratê mundial, o que significava o também reconhecimento do esporte como esporte candidato a figurar nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, como esporte de demonstração, cuja confirmação dar-se-ia na 111ª Session do Comitê, para o ano seguinte[2].
O COI estabece dois parâmetros para a aceitação de um esporte como olímpico: ser praticado em muitos países (membros) e ser representado por uma entidade mundialmente reconhecida. Aparentemente, o caratê possui apenas um desses requisitos!


No Brasil

Da mesma forma como sucedeu com outras artes marciais japonesas, o caratê foi introduzido no Brasil com a chegada de imigrantes japoneses no começo do século XX. Mas somente no ano de 1956, o sensei Mitsuke Harada (Shotokan) instala o primeiro dojô em São Paulo.[25] A esse exemplo seguiram os mestres Juichi Sagara (Shotokan), em 1957;Seichi Akamine (Goju-ryu), em 1958Koji Takamatsu (Wado-ryu); Takeo Suzuki (Wado-ryu); Michizo Buyo (Wado-ryu); Yoshihide Shinzato (Shorin-ryu); Takeda, Kimura e Fábio Sensei (Bushi Ryu), em 1992Akio Yokoyama (Kenyu-ryu), em 1965.[26]
A prática da modalidade percebeu um aumento depois que particiantes de competições de artes marciais mistas logragram vitórias, como é o caso do carateca Lyoto Machida[27].


Em Portugal

Em Portugal, a arte marcial foi introduzida entre os anos de 1962 a 1964, quando se reuniu um grupo de pessoas que praticam a modalidade na Academia de Budo, em Lisboa. Aquele grupo, entonces, organizou-se melhor e entabulou os primeiros contactos co’as entindades de âmbito mundial. E, na década de 1970, com a criação de entidades representativas de alguns estilos.[28][29] Em 1980, fun fundada a Associação Portuguesa de Karate-Do. Depois, ou as entidades cresceram ou se fundiram.[30]

Caratê ou caraté


Caratê (português brasileiro) ou caraté (português europeu) (em japonês空手transl. karateAFI[kɑʀɑtə]) ou caratê-dô (em japonês空手道, transl. karate-dō AFI[kɑʀɑtədɵ])[a] é uma arte marcial japonesa (Budō) que se desenvolveu a partir da arte marcial autóctone deOquinaua sob influência do chuan fa chinês[b] e dos koryu japoneses (modalidades tradicionais de luta).
A influência do chuan fa foi maior num primeiro estádio e se fez sentir nas técnicas dos estilos mais fluidos e pragmáticos da Chinameridional.[1] A influência das disciplinas de combate familiares do Japão, ou koryu, é notada no desenvolvimento de movimentos diretos e simples, abandonando aquilo que não seria útil.
Seu repertório técnico abrange principalmente golpes contundentes — atemi waza —, como pontapéssocos, joelhadas, bofetadasetc., executadas com as mãos desarmadas. Todavia, técnicas de projeção, imobilização e bloqueios — nage wazakatame wazauke waza — também são ensinados, com maior ou menor ênfase dependendo do onde se aprende.
O estádio da modalidade na transição entre os séculos XX e XXI tem dado ênfase à evolução do condicionamento físico, desenvolvendo velocidade, flexibilidade e capacidade aeróbia para participação de competições de esporte de combate, ficando relegada àquelas poucas escolas tradicionalistas a prática de exercícios rigorosos, que visam desenvolver a resistência dos membros, e de provas de quebramento de tábuas de madeira, tijolos ou gelo. De um modo simples, há duas correntes maiores, uma tendente a preservar os caracteres marcial e filosófico do caratê e outra, que pretende firmar os aspectos esportivo e lúdico.
A evolução da arte marcial aconteceu capitaneada por grandes mestres, que a conduziram e assentaram suas bases, resultando no caratê moderno, cujo trinômio básico de aprendizado repousa em kihon (técnicas básicas), kata (sequência de técnicas, simulando luta com várias aplicações práticas) e kumite (luta propriamente dita, que pode ser simulada, esportiva ou real).
Ainda que comunguem de similitude técnica e de origem, a partir do primeiro quartel do século XX, surgiram diversas variações de escolas, até umas dentro das outras, pretendendo difundir seu modo peculiar de entender e desenvolver o caratê. Tal circunstância, que foi combatida por mestres de renome, acabou por se consolidar e gera como consequência atual a falta de padronização e entendimento entre entidades e praticantes. Daí, posto que aceito mundialmente como esporte, classificado como esporte olímpico e participando dos Jogos Pan-Americanos, não há um sistema unificado de valoração para as competições, ocasionando grande dificuldade para sua aceitação como esporte presente nos Jogos Olímpicos.[2]
A despeito da enorme fragmentação, as várias escolas procuram seguir num molde pedagógico, pelo que o estudioso dedicado da arte marcial chama-se carateca, isto é, aquele que busca desenvolver disciplinafilosofia e ética, além de aprender simples movimentos e condicionamento físico, diferenciando-se assim do mero praticante. Nessa mesma linha, aquele carateca que alcança o grau de faixa/cinturão preto(a) é chamado de sensei.

Formas de saudação para Ju Jitsu e judo

Formas de saudação (Hei)

A prática do judô é regida por cortesia, respeito e amabilidade. A saudação é o expoente máximo dessas virtudes sociais. Através dela expressamos um respeito profundo aos nossos companheiros. No judô, há duas formas de expressarmos: tati-rei ou ritsu-rei (quando em pé) e za-rei (quando de joelhos). Esta última é conhecida por saudação de cerimônia. Efetua-se as seguintes saudações:
Tachi-rei ou Ritsu-rei
Ao entrar no dojô bem como ao sair; Quando subir no tatami para cumprimentar o professor ou seu ajudante; Ao iniciar um treino com um companheiro, assim como ao terminá-lo.
Za-rei
Ao iniciar, bem como ao terminar o treinamento; Em casos especiais, por exemplo, antes e depois dos KATA; Ao iniciar um treino no solo com o companheiro, bem como ao terminá-lo.

Graduações no Judo

Graduações

Os judocas são classificados em duas graduações: kiu e dan[5].
As promoções no judô baseiam-se em exames que incidem sobre requisitos tais como: duração de tempo de treino, idade, caráter moral, execução das técnicas especificadas nos regulamentos[6] e comportamento em competições. No caso de promoção de kiu(classificação), faixa branca a marrom é outorgada pela associação, no caso de promoção as graduações de dan, até 5º dan são realizadas pela banca examinadora da Liga ou Federação Estadual, as outras graduações superiores pela Confederação Nacional.
Os graus no Judô dividem os alunos nos grupos: Dangai (da faixa branca à marrom)[6] Yudan (do 1º ao 5º Dan) [6]Kodanshas (faixa “coral” e faixa vermelha)[6]. O mais alto grau concedido é a extremamente rara faixa vermelha Judan (10º Dan) que até o ano de 2009 fora concedida apenas a 15 homens, sendo que até a referida data 3 estão vivos (Toshigo Daigo, Ishiro Abe, Yoshimi Osawa) os três promovidos dia 08/01/2006 pelo Kodakan.

[editar]Graduações kyu

Há oito graus de kyu (seis em Portugal)[7], os quais se distinguem pelas cores das faixas:
KYU
00 KYU. Mukyu. Faixa Branca. (+)
07º KYU. Nanakyu ou Shichikyu Faixa Cinza. – (*)
06º KYU. Rokukyu. Faixa Azul. – (*)
05º KYU. Gokyu. Faixa Amarela. (**) – (++)
04º KYU. Yonkyu. ou Shikyu. Faixa Laranja./ Abóbora.
03º KYU. Sankyu. Faixa Verde.
02º KYU. Nikyu. Faixa Roxa.
01º KYU. Ikyu. Faixa Marrom. (*+)
OBSERVAÇÕES
(*) Apenas para pessoas com menos de 18 anos de idade.
(+) Todo judoca inicia no judô nesta faixa.
(**) Segunda faixa para os judocas com mais de 18 anos de idade.
(++) Quarta faixa para os judocas com menos de 18 anos de idade.
(*+) Última (sétima ou nona) faixa para o judoca.
Cores das Faixas na Europa
Branca
Judo white belt.svg
Amarela Judo yellow belt.svg
Azul Escura Judo dark blue belt.svg
Laranja Judo orange belt.svg
Verde Judo green belt.svg
Marrom Judo brown belt.svg
Preta Judo black belt.svg

[8]

Cores das Faixas em Portugal ou Angola
Branca Judo white belt.svg
Amarela Judo yellow belt.svg
Laranja Judo orange belt.svg
Verde Judo green belt.svg
Azul Judo blue belt.svg
Marrom (Castanho) Judo brown belt.svg
Preta Judo black belt.svg

[7]

Cores das faixas no Brasil
Branca Judo white belt.svg
Cinza Judo grey belt.svg
Azul Judo blue belt.svg
Amarela Judo yellow belt.svg
Laranja Judo orange belt.svg
Verde Judo green belt.svg
Roxa Judo purple belt.svg
Marrom Judo brown belt.svg
Preta Judo black belt.svg

[9]

[editar]Graduações dan

As graduações de dan avançam de modo crescente, ao contrario das graduações kyu, indo do 1º dan (shoudan) ao 10º dan (juudan). Esses graus se diferenciam pelas seguintes cores das faixas:
DAN
 DAN Shoudan ou Ichidan Faixa Preta
 DAN Nidan Faixa Preta
 DAN Sandan Faixa Preta
 DAN Yondan ou Shidan Faixa Preta
 DAN Godan Faixa Preta
 DAN Rokudan Faixa Vermelha e Branca
 DAN Nanadan ou Shichidan Faixa Vermelha e Branca
 DAN Hachidan Faixa Vermelha e Branca
 DAN Kyuudan ou Kudan Faixa Vermelha
10º DAN Juudan Faixa Vermelha

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jud%C3%B4

História do Judo

Decadência e renascimento do jiu-jitsu

Em 1864, o comandante Matthew Perry, comandante de uma expedição naval americana, obrigou o Japão a abrir seus portos ao mundo com o tratado “Comércio, Paz e Amizade”. Abrindo seus portos para o ocidente, surgiu na Terra do Sol Nascente uma tremenda transformação políticos-social, denominada Era Meiji ou “Renascença Japonesa”, promovido pelo imperador Mitsuhyto Meiji (18681912). Anteriormente, o imperador exercia sobre o povo influência e poderes espirituais, porém com a “Renascença Japonesa” ele passou a ser o comandante de fato da Terra das Cerejeiras.
Nessa dinâmica época de transformações e inovações radicais, os nipônicos ficaram ávidos por modernizar-se e adquirir a cultura ocidental. Tudo aquilo que era tradicional ficou um pouco esquecido, ou melhor, quase que totalmente renegado. Os mestres do jiu-jitsu perderam as suas posições oficiais e viram-se forçados a procurar emprego em outros lugares. Muitos se voltaram então para a luta e exibição feitas.
A ordem proibindo os samurais de usar espadas em 1876 assinalou um declínio em todas as artes marciais, e com o jujitsu não foi uma exceção.
Tempos depois existiu uma onda contrária às inovações radicais. Havia terminado a onda chamada febre ocidental. O jiu-jitsu foi recolocado na sua posição de arte marcial, tendo o seu valor reconhecido, principalmente pela polícia e pela marinha. Apesar de sua indiscutível eficiência para a defesa pessoal, o antigo jiu-jitsu não podia ser considerado um esporte[2], muito menos ser praticado como tal. As regras não eram tratadas pedagogicamente, ou mesmo padronizadas. Os professores ensinavam às crianças os denominados golpes mortais e os traumatizantes e perigosos golpes baixos genitais[2]. Sendo assim, quase sempre, os alunos menos experientes faixas brancas a machucavam-se seriamente. Valendo-se de sua superioridade física, os maiores chegavam a espancar os menores e mais fracos. Tudo isso fazia com que o jiu-jitsu gozasse de uma certa impopularidade, especialmente entre as pessoas mais esclarecidas.

[editar]Nascimento

Jigoro Kano

Baseado nesses inconvenientes,um jovem que na adolescência se sentia inferiorizado sempre que precisava desprender muita energia física para resolver um problema, resolveu modificar o tradicional jiu-jitsu, unificando os diferentes sistemas, transformando-o em um veículo de educação física[2].
Pessoa de alta cultura geral, ele era um esforçado cultor de jujutsu. Procurando encontrar explicações científicas aos golpes, baseados em leis de dinâmica, ação e reação, selecionou e classificou as melhores técnicas dos vários sistemas de jujutsu,juntamente com os imigrantes japoneses dando ênfase principalmente no ataque aos pontos vitais e nas lutas de solo do estilo Tenshin-Shinyo-Ryu e nos golpes de projeção do estilo Kito-Ryu. Inseriu princípios básicos como os do equilíbrio, da gravidade e do sistema de alavancas nas execuções dos movimentos lógicos.
Estabeleceu normas a fim de tornar o aprendizado mais fácil e racional. Idealizou regras para um confronto esportivo, baseado no espírito doippon-shobu(luta pelo ponto completo). Procurou demonstrar que o jujutsu aprimorado, além de sua utilização para defesa pessoal, poderia oferecer aos praticantes, extraordinárias oportunidades no sentido de serem superadas as próprias limitações do ser humano.
Jigoro Kano tentava dar maior expressão à lenda de origem do estilo Yoshin-Ryu (Escola do Coração de Salgueiro), que se baseava no princípio de “ceder para vencer”, utilizando a não resistência para controlar, desequilibrar e vencer o adversário com o mínimo de esforço. Em um combate, o praticante tinha como o único objetivo a vitória. No entender de Kano, isso era totalmente errado. Uma atividade física deveria servir, em primeiro lugar, para a educação global dos praticantes. Os cultores profissionais do jujutsu não aceitavam tal concepção. Para eles, o verdadeiro espírito do jujutsu era o shin-ken-shobu (vencer ou morrer, lutar até a morte).
Por suas idéias, Jigoro Kano era desafiado e desacatado insistentemente pelos educadores da época, mas não mediu esforços para idealizar o novo jujutsu, diferente, mais completo, mais eficaz, muito mais objetivo e racional, denominado de judô. Chamando o seu novo sistema de judô, ele pretendeu elevar o termo “jutsu” (arte ou prática) para “do”, ou seja, para caminho ou via, dando a entender que não se tratava apenas de mudança de nomes, mas que o seu novo sistema repousava sobre uma fundamentação filosófica[1].
Em fevereiro de 1882, no templo de Eishoji de Kita Inaritcho, bairro de Shimoya em Tóquio, Jigoro Kano inaugura sua primeira escola de Judô, denominada Kodokan[3] (Instituto do Caminho da Fraternidade), já que “Ko” significa fraternidade, irmandade; “Do” significa caminho, via; e “Kan”, instituto.

[editar]No Brasil

No fim da década de 1910 e início da década seguinte, Takaharu (ou Takaji) Saigo, 4° dan de judô, ensinava a arte na cidade de São Paulo, em sua academia localizada na Rua Brigadeiro Luiz Antonio. Em 1922 e 1923, ele chegou a fazer demonstrações da arte perante personalidades políticas e militares da época e teve alunos tanto japoneses quanto não japoneses. Diz-se que Takaharu Saigo era neto de Takamori Saigo, um dos homens mais importantes da Restauração Meiji no Japão.
conde Coma (Mitsuyo Maeda), como também era conhecido, fez sua primeira apresentação em Porto Alegre. Partiu para as demonstrações pelos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, transferindo-se depois para o Pará em outubro de 1925,[4] onde popularizou seus conhecimentos dessa arte. Outros mestres também faziam exibições e aceitavam desafios em locais públicos. Mas foi um início difícil para um esporte que viria a se tornar tão difundido.
Um dos primeiros torneios de judô foi realizado no dia 01 de maio de 1931 na cidade de Araçatuba, estado de São Paulo. Organizado por Yuzo Abematsu, 4o dan e ex-professor de judô da Escola Superior de Agronomia de Kagoshima, da Segunda Escola de Ensino Médio e do Batalhão da Polícia do Exército do Japão, o torneio incluiu lutas contra boxe e luta greco-romana.
O judô no Brasil passou a ser organizado e largamente difundido a partir de agosto de 1933, com a fundação da Hakkoku Jûkendô Renmei, a Federação de Judô e Kendô do Brasil, por ocasião do 25o aniversário da imigração japonesa ao Brasil. Do lado do judô, foram membros fundadores as seguintes personalidades: Katsutoshi NaitoTatsuo OkochiTeruo Sakata e Zensaku Yoshida.
Nessa época, além dos quatro mestres supracitados, o judô no Brasil contava também com o mestre Tomiyo Tomikawa e com Shigejiro Fukuoka, mestre de jujutsu tradicional. Estes seis mestres eram os principais expoentes do judô na época, dentro do âmbito da Hakkoku Jûkendô Renmei.
Um fator relevante na história do judô foi a chegada ao país de um grupo de nipônicos em 1938. Tinham como líder o professor Ryuzo Ogawa e fundaram a Academia Ogawa, com o objetivo de aprimorar a cultura física, moral e espiritual, por meio do esporte do quimono. Apesar de Ryuzo Ogawa ser um mestre de jujutsu tradicional, chamou de Judô a arte marcial que lecionava quando este nome se popularizou. Portanto, ensinava um estilo que não era exatamente o Kodokan Judo, o que não diminui sua enorme contribuição ao começo do Judô no Brasil. Daí por diante disseminaram-se a cultura e os ensinamentos do mestre Jigoro Kano e em 18 de março de 1969 era fundada a Confederação Brasileira de Judô, sendo reconhecida por decreto em 1972. Hoje em dia o judô é ensinado em academias e clubes e reconhecido como um esporte saudável que não está relacionado à violência. Esse processo culminou com a grande oferta de bons lutadores brasileiros atualmente, tendo conseguido diversos títulos internacionais.

[editar]Academia Terazaki

Réplica do primeiro templo de judô do Japão, o Kodokan, a Academia Terazaki, ou Clube Recreativo de Suzano Judô Terazaki, é a primeira academia de Judô da América e começou a ser construída no ano de 1937 por Tokuzo Terazaki, que idealizava difundir os ensinamentos do judô. A conclusão foi em 1952 e na construção contou com o apoio de muitas pessoas ligadas à colônia e até do Japão. A academia fica localizada na cidade de Suzano, região metropolitana de São Paulo.
Tokuzo Terazaki, ou mestre Terazaki, como é conhecido por seus discípulos, nasceu em 16 de agosto de 1906 em uma aldeia chamada Tominami, entre as cidade de Sihinjo e Yamagata, no Japão. Filho do sr. Tsuruki e D. Shingue, foi o terceiro filho.
Depois de terminar o curso primário, foi para a cidade de Yamagata onde matriculou-se na escola agrícola. Logo depois migrou para Tóquio, onde trabalhava na indústria Kubota de Ferro. Nas horas de folga treinava na academia do sr. Torakiti, Masateru Futakawa, onde aprendeu ju-jutsu com os fundadores do estilo.
Mais tarde no Kodokan, sob a instrução do mestre Mifune conseguiu título de graduado. Atualmente, as aulas na academia Terazaki são ministradas pelo sensei Celso Tochiaki Kano, que foi aluno do mestre Terazaki e segue os passos.
Em 1928, mestre Terazaki casou-se com D. Kiyoe, tendo como padrinho o professor Futakawa. Kiyoe trabalhava na Kanebo, uma empresa de tecelagem e fiação, que mais tarde Terazaki conheceu o presidente por meio da esposa e quando este iniciou a exploração na região da Amazônia, Terazaki colaborou na convocação de voluntários para a imigração. Além de convocar, decidiu participar da imigração chegando em Belém no Pará, em 1929. Sua chegada, marcada pela epidemia de malária e o poço em que utilizavam para estava infestado de amebas. Na época, dezenas de pessoas morreram, incluindo Teruko, a filha de Terazaki.
Em 1933, da ligação que teve com Katsutoshi Naito em Tóquio no Kodokan, veio a influência da vinda a Suzano, onde após quatro anos na Amazônia, chega a cidade, onde atua no cultivo de morangos na plantação de Naito.
Enquanto atuava na agricultura, crescia a fama de sua técnica como judoca e frequentemente era convidado a ensinar a arte marcial em Suzano. Em 1934, após um ano de trabalho na plantação de Naito, Terazaki compra um terreno no Bairro da Vila Urupês, em Suzano, onde abriu uma academia de judô e também fazia atendimento a todos os casos de fratura óssea e técnica ortopédica em geral de forma voluntária.
Após a II Guerra Mundial, foi organizada uma associação de graduados em judô. O presidente foi Katsutoshi Naito e Terazaki era vice. Com o aumento de adeptos veio a seguir a necessidade de organizar a Federação Nacional de Judô.
Das demonstrações da modalidade a Marinha veio a introdução da modalidade no exército. Na mesma época com o apoio de seus discípulos, amigos, iniciou-se campanha para angariar recursos para a construção da academia. Os resultados discípulos abriram academias por Estados brasileiros como Rio de Janeiro, pelo exercito, polícia
Outra faceta pouco conhecida do mestre é a fama de deus do Izumo, ou [Santo Antônio], o santo casamenteiro pela facilidade de unir casais, que foram ao menos 400.
Pelos trabalhos prestados a policia militar do Rio de Janeiro, a academia de Agulhas Negras e a policia rodoviária recebeu várias condecorações. Em 1958 recebeu titulo de cidadão suzanense.