O Show de Wushu obteve grande sucesso em Angola

O Show de Wushu obteve grande sucesso em Angola

No dia 10 de Agosto, a Delegação da Associação de Artes Marciais da China apresentou um Show de Artes Marciais ( Wushu ) no Pavilhão Principal da Cidadela Desportiva, em Luanda.
As autoridades e personalidades angolanas de diverso setores sociais, o Corpo Diplomático acreditado em Angola e os representantes da comunidade chinesa compareceram no espetáculo.
Sr. Wang Wei, Encarregado de Negócios a.i. da Embaixada da China, Sr. Gao Xiaojun, Presidente da Associação de Artes Marciais da China, Sra. Exalgina Gambôa, Secretária de Estado da Cooperação de Angola, e Sr. Albino Conceição José, Vice-Ministro dos Desportos, proferiram discursos calorosos.
Sr. Wang Wei avaliou altamente as relações amistosas da cooperação bilateral sino-angolana, enfatizando que intercâmbios cultural e desportivo são pontes que ligam os dois povos com função de aumentar conhecimento mútuo e aprofundar amizade, esperando que surgir mais amigos angolanos amadores e praticantes de Wushu, assim sendo os “Embaixadores da Amizade”dos povos chinês e angolano de geração em geração.
Sr. Gao Xiaojun além de agradecer a hospitalidade e sentimento amistoso do povo angolano para com o povo chinês, apontou que Wushu originou-se da China, mas pertence ao Mundo. Espera que através do Wushu, o povo angolano conheça melhor a cultura chinesa.
         
Sra. Exalgina Gambôa lembrou de que a importância que atribui a paz e desenvolvimento fez da China o maior parceiro de desenvolvimento de Angola, assim como Angola é também o primeiro parceiro da China em África, e que a realização deste espetáculo é sem dúvida um momento de partilha entre os dois povos e uma oportunidade para promoção do intercâmbio cultural e desportivo entre as duas nações que têm relações de amizade e solidariedade desde longa data, augurando que a presença da delegação chinesa de artes marciais seja aproveitada para se lançar as bases de um intercâmbio regular de experiências e a realização de eventos em ambos os países.
Sr. Albino Conceição José esperou, através da realização deste Show, promover intercâmbios desportivos sino-angolano, e também o desenvolvimento da causa desportiva massiva em Angola.
          
O Show iniciou com a entrada dos atletas dos dois países de mãos dadas.
A Federação Angolana de Ju-Jitsu, a Federação Angolana de Taekwon-do e o Clube Angolano de Kung-fu apresentaram demonstrações respectivamente.
         
Os atletas chineses aprsentaram as variadas técnicas de Wushu, tais como espada, lança, pau, vara, leque, boxe, chicote, martelo, luta livre, etc.
         
A convite da Comissão Nacional de Angola para a EXPO2010 Shanghai, a Delegação da Associação de Artes Marciais da China chefiada por Sr. Gao Xiaojun efectuou uma visita a Angola de 9 a 11 de Agosto de 2010. O chefe da delegação teve encontros com Sr. Albino Conceição José, Vice-Ministro dos Desportos de Angola, e Sr. Gustavo da Conceição, Presidente do Comité Olímpico Angolano, nos quais as duas partes abordaram a intensificação de intercâmbio e cooperação desportiva entre os dois países, a divulgação de Wushu em Angola e os demais assuntos de interesse comum.

O poder do jiu-jitsu

Várias são as pessoas que criaram uma imagem negativa das artes marciais, dizendo que elas servem acima de tudo para a auto-defesa. A nossa equipa foi até ao Complexo Emirais, no Nova Vida, em Luanda, conhecer uma das “artérias” da Roger Gracie Academy, comandada em Angola por Hélio Pereira, um jovem angolano apaixonado pelo poder nas artes marciais e entender também quais são os propósitos do jiu-jitsu.
Durante duas horas acompanhámos os quase 30 alunos que lá treinam e entendemos melhor a filosofia do jiu-jitsu brasileiro, que é praticado neste ginásio e também em outros.


MENTE E CORPO
Foi um sensei de óculos graduados, quimono vestido e muita simpatia que nos recebeu a chegada no Complexo Emirais. O cenário não podia ser melhor, vários alunos preparavam-se para a aula, vestindo os seus quimonos brancos ou azuis para dali a quinze minutos, mostrarem a sua genica no tatame.
Hélio Pereira também já estava equipado, usando um quimono branco e a sua faixa preta. O sensei afirmou que sempre gostou de jiu-jitsu e que tenta buscar nesta arte a sua parte invisível, a parte espiritual.
“A filosofia do jiu-jitsu é a mesma que de qualquer arte marcial. Todas elas foram desenvolvidas a partir de técnicas de terapia, transformação do ser humano, ensinando-os a aniquilar o ego por completo e chegar ao ponto de observar as coisas simples da vida, de uma maneira mais profunda”, explicou-nos o sensei.


ARTE MILENAR
As artes marciais são um método alquímico e uma das suas grandes filosofias é ajudar o ser humano a ser o mais natural possível.
O jiu-jitsu, também conhecido pelas grafias jujutsu ou jiu-jitsu (em japonês jū significa “suavidade”, “brandura”, e jutsu signfica “arte”, “técnica”) era uma arte marcial japonesa que utilizava alavancas e pressões para derrubar, dominar e submeter o oponente, tradicionalmente sem usar golpes traumáticos, que não eram muito eficazes no contexto em que a luta foi desenvolvida, porque os samurais (bushi) usavam armaduras.
Basicamente, no jiu-jitsu usa-se a força (própria e, quando possível, do próprio adversário) em alavancas, o que possibilita que um lutador, mesmo sendo menor que o oponente, consiga vencer. No chão, com as técnicas de estrangulamento e pressão sobre articulações, é possível submeter o adversário fazendo-o desistir da luta (competitivamente), ou (em luta real) fazendo-o desmaiar ou quebrando-lhe uma articulação.
Segundo Hélio Pereira, existe uma diferença entre o “jujutsu” japonês e o “jiu-jitsu” brasileiro: “Os japoneses aplicaram as técnicas usando a força e os brasileiros aperfeiçoaram a técnica, e é este o jiu-jitsu que nós ensinamos aqui, pois somos “descendentes” da família Gracie. Eles foram uns dos maiores percursores desta arte no mundo, e até hoje formam muitos campeões”.


AS FAIXAS
Ao contrário das outras artes, no jiu-jitsu os atletas não fazem uso de katas (executar técnicas ou coreografias no vazio, avaliadas pela perfeição dos movimentos). Existem várias faixas ou cinturões no jiu-jitsu: para os alunos com menos de 16 anos, existem as faixas branca, amarela, laranja e verde. Já para os maiores de 16 anos existem as faixas branca (permanência mínima de um ano), azul (varia com o desempenho do atleta, normalmente 1 ano e meio, a 2 anos), roxa (varia com o desempenho do atleta, normalmente 2 anos), castanha (ou marrom como é chamada, normalmente 1 ano e meio), preta, coral (vermelho e preto – mestre) e vermelha (Grande Mestre).
Dos 30 alunos academia do Nova Vida, 5 são faixa azul, 2 roxa, 1 marrom, e os restantes têm faixa branca, e treinam para avançar. O critério para mudança de faixa é baseado na freqüência e na técnica do atleta. “Se um aluno treinar 3 vezes por semana, levará mais ou menos 6 meses a 1 ano, para mudar de faixa”, disse-
-nos o sensei.


NÃO TENTAR EM CASA
Hélio dá aulas há dois anos em Angola. Tenta trasmitir o jiu-jitsu de uma maneira saudável, para que as pessoas não usem a arte apenas para “lutar na rua”. “A técnica apurada do jiu-jitsu não exige força, como já disse. Esta arte permite ao mais fraco vencer o mais forte. É a união da perfeição e técnica externa, com o aperfeiçoamento do elemento interno”, realçou.
O sensei compara o mau uso do jiu-jitsu às descobertas de Einsten: “ele descobriu a energia atómica que, mais tarde, culminaria na terrível bomba nuclear… mas, será ele o culpado? Claro que não. Culpado foram os que não souberam direccionar tal descoberta apenas para boas coisas. O jiu-jitsu pode construir mas também destruir. Isso só depende do ensinamento que as pessoas recebem e também da mentalidade de cada um”.
O jovem contou-nos  que, certa vez, fez um estrangulamento a um jovem, para defender-se, e a pessoa ficou inconsciente por alguns minutos. “ É algo de que não me orgulho, apesar de ter usado como auto-defesa, que é uma das funções do jiu-jitsu. Evitamos ao máximo, mas às vezes é necessário defendermo-nos. O estrangulamento é uma técnica complexa do jiu-jitsu que não deve ser feita sem conhecimentos. Digo sempre aos meus alunos para não andarem por aí a experimentar certas coisas em pessoas normais, que pouco ou nada entendem da nossa arte. E como aqui nós trabalhamos o corpo e a mente, não só formamos lutadores, mas sim atletas conscientes do seu papel na sociedade”, frisou.


EM MARÇO, O CAMPEONATO
A Roger Gracie Academy Jiu-jitsu Angola está presente em três academias de Luanda: no Fitness, no Team Elite e no Complexo Emirais. Quando questionado dos patrocínios o jovem afirmou: “As artes marciais estão a crescer de maneira saudável em Angola. Neste momento tenho conhecimento de quatro escolas de Jiu-jitsu no país que apesar de algumas divergências, devem todas ser felicitadas pelo trabalho que têm feito, pois têm contribuído para a valorização das artes marciais em Angola. Alguns atletas foram ao campeonato que aconteceu na África do Sul e trouxeram prémios para a nação. É preciso investir e patrocinar tais talentos”.
No ano passado, a Roger Gracie Academy e a Academia Gracie Barra levaram 10 atletas ao mundial de jiu-jitsu, nos Estados Unidos. “Infelizmente não trouxemos títulos mas este ano, em Junho, tencionamos voltar a participar com força total”, frisou Hélio.
Os atletas estão a preparar-
se também para o campeonato nacional que acontecerá em Março, a partir do dia 15, em Luanda. As quatro escolas da capital irão participar no evento. Será uma grande oportunidade para ver esta arte marcial ser praticada 
com profissionalismo, 
sempre dentro dos princípios do jiu–jitsu.

O PROFISSIONAL E O AMADOR
Jandir Bezerra (à esquerda) é natural do Recife, estado de Pernambuco, Brasil. Sempre foi apaixonado pelo jiu-jitsu e como já treinava no Brasil, quando chegou a Angola fez questão de procurar um sitio para continuar a praticar. É faixa castanha numa modalidade que já lhe proporcionou episódios engraçados: “uma vez, durante uma luta num campeonato, o outro concorrente aproveitou-se do facto de eu usar aparelho dentário e roçou o quimono dele, todo suado, na minha boca… eu tive que desistir pois não aguentei aquilo (risos)”.
Todos conhecem Caló Pascoal (à direita) como cantor e produtor musical e, para a nossa surpresa, existem facetas desconhecidas deste artista que há anos nos tem habituado com sucessos musicais. “Comecei a treinar há três semanas e me tenho divertido bastante. Como já treinava kickboxing decidi também aprimorar os meus conhecimentos com o jiu-jitsu. É uma arte muito boa, que nos permite relaxar a mente e manter o corpo saudável. Os treinos têm-me ajudado a conciliar as minhas outras actividades e podem crer que o meu próximo disco terá uma séria influência dos ensinamentos do jiu-jitsu. O Hélio é um bom professor e eu aconselho todos a treinarem”, declarou.


A PRINCESA DO GRUPO
Dos 30 alunos duas são meninas. Tivemos a oportunidade de conversar com Irina Mirandela, uma jovem simpática, de rosto angelical e as unhas pintadas de vermelho, que há quase um ano treina jiu-jítsu. “Comecei pelo karaté, vim aqui parar e gosto muito do que faço. Quanto às lesões, são ossos do ofício. Para alguns movimentos mais bruscos usamos a protecção necessária, caso da placa dentária”, explicou a jovem.


O VIAJANTE DO Jiu-jitsu
Hélio Jorge Paleje Jasse Pereira começou a treinar artes marciais com sete anos. Já praticou karaté, judo, capoeira, aikidó, kick boxing e muai tai e por fim o jiu-jitsu. É actualmente faixa preta na modalidade, “fui graduado pelo campeão mundial de jiu-jitsu, Roger Gracie, ele faz parte da família Gracie, uma das maiores percursoras do jiu-jitsu pelo mundo. Tive a honra de treinar com ele durante 5 anos”, relembra emocionado.
O jovem que faz do jiu-jitsu o seu modo de vida, já ganhou alguns títulos pela modalidade: “Fui vice-campeão europeu, campeão europeu, vice campeão pan americano, entre outros… enfim, tenho várias medalhas em casa (risos)”.
A maior luta de Hélio é provar que o jiu-jitsu não serve apenas para o desenvolvimento físico. “O jiu-jitsu vai além disso. É a arte do toque, onde temos a oportunidade de mostrar às pessoas que só têm a ganhar quando permitem que um corpo são esteja de acordo com a mente, que também tem de ser sã. O jiu-jitsu é um mundo e permite-nos ser muita coisa, permite-nos meditar… só depende de nós, da nossa dedicação por um mundo melhor”, explicou.